Uma questão de controlo....só que não!
A palavra "CONTROLO" é bem conhecida no dicionário de quem sofre de ansiedade. Diria até que parece quase uma necessidade básica. O controlo exerce como que um "pseudo efeito calmante", ou seja, se controlar o que me rodeia estarei preparado(a) para qualquer "perigo" que apareça.
Imagine-se o quão limitante é viver assim, o quão cansativo é, pois há todo um estado de alerta ativo constantemente, para que possamos estar preprados para qualquer eventualidade.
Diria que isto não é viver mas sim sobreviver, não se usufrui do presente, por se ter impresso no inconsciente memórias do passado, e por se antever situações futuras, que na realidade, muitas nem sequer se chegam a concretizar. Não é mau antever situações, e precaver sofrimentos, mau é viver sob esse constante sobressalto.
Convido-te a fazeres essa análise, tomares consciência se isto te acontece, e sem julgamentos, perceberes que há um caminho a ser feito. O querer controlar não é necessariamente mau, de certeza que todos nós, em alguma situação específica, sentimos essa necessidade, contudo, o controlo é algo que nem sempre está nas nossas mãos. Arrisco-me até a dizer, que a maioria das situações foge do nosso controlo.
E sabes, às vezes ainda bem que assim o é...
Falo por mim, o controlo sempre foi uma grande necessidade, precisava de sentir o terreno seguro, saber com o que podia contar, achava que na realidade eu tinha esse poder ao meu alcance. Mas a vida, várias vezes me mostrou o contrário, e continua a mostrar. Tenho a certeza que a pandemia veio trazer ainda mais esta consciência a todos nós.
Continuo a não gostar de perder o controlo das situações, bem e quem gostará na verdade?...O cerne da questão está em saber gerir e saber viver no estado de "descontrolo". Não tem que ser o fim do mundo, e quem sabe, se o caminho passaria mesmo pela tua antevisão, ou plano? Quem sabe a vida não tem planos melhores para ti?
É uma reflexão que tenho feito nestes dias, e tive vontade de a partilhar contigo.
Que tenhamos sempre a coragem e a humildade, de sentir gratidão até nos momentos menos bons, naqueles em que o controlo se perde (se é que alguma vez nos pertenceu), e que saibamos acolher em nós as surpresas da vida, de mãos e coração aberto.